domingo, 12 de abril de 2015

- Saúde no Canadá (2): na prática


Este post é uma continuação da série “Saúde no Canadá”. Se você não leu o texto “Saúde no Canadá (1): na teoria”, clique aqui.

No texto anterior, eu falei um pouco sobre como o sistema de saúde funciona no Canadá na teoria. Apenas um rápida recapitulação, o sistema de saúde canadense pode ser de cunho público ou particular. Para receber atendimento pela rede pública, a pessoa necessariamente tem que ser residente e estar inscrita no sistema do governo (Medicare), que é administrado pela individualmente por cada província. O particular vai depender do plano adquirido pelo paciente, mas que de maneira geral funciona à base de reembolso parcial do tratamento.

Mas depois de tanta teoria, e na prática, como isso tudo funciona??? 



:: DOCUMENTO :: Para começar, todas as pessoas inscritas no plano de saúde público tem uma carteirinha com um número de identidade de acesso à rede pública. É comum unificar todos os documentos em um único, e assim, a identidade de pessoa física (ID), a carteira de motorista e o registro do sistema de saúde estarão todos em uma única carteirinha. Vale ressaltar que o endereço da pessoa também fará parte deste documento, por isso é fundamental mantê-lo atualizado junto aos órgãos do governo.

Para receber qualquer atendimento pela rede pública de saúde, a única coisa que o paciente tem que fazer é apresentar o documento na recepção de seja lá onde estiver indo. Geralmente não é necessário preencher nenhum formulário quando se vai a uma consulta médica e/ou hospitais e/ou laboratórios, uma vez que todo o histórico do paciente fica registrado e vinculado ao número de identificação. Exceto, é claro, quando é algo específico e informações adicionais sejam necessárias. Normalmente é tudo bem simples e sem burocracias.

Através da sua identificação, os profissionais que lhe prestam atendimento tem acesso ao seu histórico de saúde. Além disso, quando você faz algum exame não há necessidade de pegar o resultado e levar até o médico, uma vez que o laboratório o enviará automaticamente ao profissional. Aliás, é o médico que lhe dará o resultado já com o diagnóstico e tratamento quando você for à consulta de retorno. Normalmente, assim que o solicitante do exame recebe o resultado, a recepcionista já entra em contato com você para agendar uma nova visita ao médico. 

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:: MEDICAMENTOS :: Alguns medicamentos são subsidiados pelas províncias, sejam por meio de financiamentos ou por isenção de impostos. Mas isso pode variar muito de acordo com a administração local, tipo de tratamento, caso do paciente, etc. De maneira geral, o paciente terá que custear o próprio medicamento. Se a pessoa tiver plano de saúde particular, certamente terá descontos consideráveis na compra de remédios prescritos.

O conceito de “farmácia” aqui no Canadá é bem diferente do Brasil. Primeiramente, é possível comprar remédios em supermercados de grandes redes, não precisando ficar restrito apenas às drogarias. Aliás, a maioria dos medicamentos são adquiridos em lojas tipo supermercados que possuem um setor exclusivo para a sua comercialização. Existem os remédios do tipo comercial que são de prateiras e ficam expostos em gôndolas onde são facilmente encontrados e não precisam de prescrição médica, como Tylenol, antitérmico, vitamina, antiácido, xarope, antigripal, e similares.

Medicamentos sob prescrição médicas só são adquiridas com prescrição médica, mesmo que pareça óbvio, o que eu quero dizer é que isso é literalmente seguido à risca. Você só consegue comprar a quantidade exata que o médico recomendou. O remédio não vem na caixa do fabricante como no Brasil. Ele é comercializado em potes específicos no qual é colocado a quantidade de comprimidos (ou capsulas ou ml) que está descrito na prescrição. Eu odeio isso, porque na nossa caixa de remédios em casa nós temos um monte de potes iguais. Cada vez que precisamos de algo temos que ficar lendo rótulo por rótulo. Uma verdadeira chatice! Em compensação não há desperdícios e, raramente você terá aqueles restos de remédios vencidos na sua caixinha.


Medicamentos de uso contínuo também são prescritos em uma quantidade determinada. O médico define o período de tratamento e isso implicará no quanto do medicamento você poderá adquirir. O número de vezes que você poderá comprar o respectivo remédio é chamado de "refils". Por exemplo, anticoncepcionais são comprados desta maneira. O médico já coloca na receita algo como “6 refils” (ou "6 months"), o que significa que você só poderá comprar o produto 6 vezes (ou para uso de 6 meses). Para manter o mesmo tratamento após o término dos "refils" ou do prazo determinado, a paciente terá que retornar ao médico para pegar outra prescrição e aí conseguir comprar mais dosagens do remédio. Nesta consulta, o profissional pode ou não mudar o tratamento. Mas aí é algo que será decidido entre médico e paciente. 


Neste casos de “refils”, a farmácia onde comprou o primeiro medicamento reterá a receita e deixará cadastrado a quantidade de vezes/dosagens que o paciente poderá comprar novamente. Assim, cada vez que precisar de mais medicamento, basta a pessoa dar o nome e a farmácia o venderá enquanto houver “refils” disponíveis. Geralmente quando você está comprando o penúltimo "refil", o atendente te comunica avisando que só há mais um disponível para compra. Assim, você poderá se programar para agendar uma consulta com o seu médico e pedir mais doses se necessário. Comigo já aconteceu dos meus "refils" terem acabado e a própria atendente entrou em contato com a minha médica solicitando autorização para a compra de pelo menos mais um até que eu tivesse o retorno.


Outro detalhe, a retenção da prescrição médica pela farmácia é comum, porém opcional (exceto para antibióticos e tarjas pretas que é obrigatório). Isso é algo conveniente pois o paciente não precisa guardar a receita (e talvez perdê-la) para a próxima compra. Se você não se sentir confortável com isso, apenas peça que te devolvam o documento. Caso opte em mantê-lo em uma farmácia e por algum motivo queira comprar o próximo "refil" em outro estabelecimento, apenas peça para que o novo lugar de compra entre em contato com o local que manteve a sua receita. Eles mesmos farão os procedimentos necessários para permitir a aquisição do medicamento.

Outra coisa que vale informar. Como os remédios prescritos são comercializados sob demanda e de acordo com a receita e quantidade e blá blá blá, o processo de compra leva alguns minutos para ser concluído. Outro inferno! Na prática, você vai até o balcão ("drop off") para deixar a receita e volta depois de uns 30 minutos em outro balcão ("pick up") para retirar o medicamento. O tempo varia de local para local. Por isso, recomendo levar a receita em um dia que terá que fazer compras, assim você faz algo útil no seu tempo de espera (rssss). Ou deixa a prescrição de manhã e retira o remédio no final do dia. Sei lá, coisa do tipo... E nem adianta reclamar ou pedir para agilizarem, coisa que eu já tentei e não obtive sucesso. Sabe como é né, coisa de paulistano (rsssss).

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:: MÉDICO DE FAMÍLIA :: Bem, de maneira geral o sistema de saúde aqui é bem diferente do Brasil. Nós não temos aquele livrinho habitual do plano de saúde particular em casa (que parece uma lista telefônica) no qual escolhemos um médico especialista a dedo de acordo com a nossa “necessidade” (ou pelo menos aquilo que achamos ser a “necessidade”), marcamos um horário e vamos à consulta de livre e espontânea vontade. Por estes lados as coisas não são bem assim. Você até pode fazer um procedimento parecido através de um plano particular, mas não é o mais usual, menos ainda o mais barato.

Aqui existe um conceito diferente quanto ao funcionamento do sistema de saúde como um todo, sobretudo a rede pública. Para começar, é preciso entender o papel do “médico de família”, conhecido como “family doctor” ou “family physician”.

Este tal “médico de família” é um profissional que participa da vida das pessoas no que tange à saúde em aspectos gerais. Ele é um profissional que estuda um programa de residência de dois anos especializado em medicina familiar, no qual é treinado para tratar o paciente de forma genérica. Ao invés de ser especializado em um tipo de cuidado ou uma doença, eles fornecem cuidados para todas as partes do corpo, todas as doenças, em todas as idades e sexos. O papel deste profissional é fazer o acompanhamento e prover todo o cuidado da saúde para cada um de seus pacientes, por toda a vida. De forma bem resumida, o médico de família nada mais do que um médico pessoal que cuidará de você e acompanhará o histórico da sua saúde.

Cada pessoa tem o seu próprio “family doctor”, mas como o nome diz, o comum é que este profissional atenda todos os membros de uma mesma família. Isso não é obrigatório, mas é o mais prático. Mas sei lá, se de repente você preferir ir em um diferente do seu pai ou marido ou esposa ou seja lá de quem for, isso é possível. It’s up to you!
Para as mulheres é bem fácil entender como isso funciona, pois no Brasil as mulheres tem o ginecologista como um médico pessoal que acompanha e trata de todo o histórico de saúde. Além disso, as visitas também são regulares.

O ponto mais importante para se entender disso tudo é que para qualquer problema que a pessoa tenha relacionada à saúde, ela necessariamente tem que ir ao médico de família para se tratar. Não importa o que é e nem em que parte do corpo está o problema, mesmo que você jure de pés juntos que precisa de um cardiologista. É o “family doctor” quem decidirá o procedimento a ser tomado. Este médico poderá definir um tratamento como um todo, e/ou receitar medicamento, e/ou pedir exames, e/ou direcionar o paciente para um especialista. Desta forma, se o problema estiver “dentro da alçada” do profissional, ele mesmo indicará os cuidados a serem tomados. Caso seja algo que precise de acompanhamento de um profissional especializado, é ele quem vai te indicar o próximo médico. Sendo assim, até para ir a um especialista é necessário ter receita médica. E honestamente isso é um inferno! Principalmente para nós brasileiros que estamos acostumados a ir diretamente ao especialista de acordo com o que julgamos ser o profissional certo para determinado problema. Por exemplo, de repente você começou a ver umas manchas na sua pele. Ao invés de procurar um dermatologista, você vai ao médico de família. Se ele achar que consegue resolver o problema, ele mesmo receitará o tratamento e/ou exames. Se ele julgar necessário o acompanhamento do dermatologista, aí sim ele te recomendará para um.

Neste caso, quando há indicação feita pelo “family doctor”, o plano público cobrirá as despesas. Caso você decida por conta própria ir ao especialista sem recomendação, terá que ir por meio de consulta particular, e claro, assumir os custos envolvidos. O mesmo conceito serve para qualquer tipo de tratamento e exames. Então, para ser coberto pelo sistema de saúde público, necessariamente tem que passar pelo médico de família e ter a sua recomendação.

Os exames e consultas de rotina são normalmente feitos anualmente, exceto quando houver outra indicação. Para as mulheres, é este profissional quem fará o papel do ginecologista. Mesmo para as grávidas, até determinado mês de gestação (não sei exatamente quando), é o “family doctor” quem cuidará do acompanhamento da mãe e do bebê. Depois de certo mês, o médico fará o encaminhamento para um obstetra. Para os homens e crianças (pediatra) será a mesma coisa. Inclusive vacinas ou tratamentos preventivos serão gerenciadas pelo “family doctor”.

Para resumir, todo mundo tem que ter um médico de família. E apesar disso ser fundamental, não é tão simples conseguir um. Os “family doctors” tem um determinado limite de pacientes na sua carteira, ou seja, se já tiverem com todas as “vagas” preenchidas não poderão aceitar mais pacientes. Então, quando o imigrante chega aqui ou muda de província, ele tem que procurar por médicos de família que ainda tenham disponibilidade para assumir mais pacientes. E como fazer isso??? Ligando e perguntando se o profissional tem “vaga” em aberto. Loucura né? Aí vem um pequeno problema. Como não é tão simples achar um “family doctor” com disponibilidade, as pessoas tem que ficar pesquisando e procurando até conseguir um. É por isso que muita gente fica por anos (ou a vida toda) com o mesmo médico, ainda que não goste muito do seu procedimento ou atendimento. De qualquer maneira, o “family doctor” não precisa ser o seu melhor amigo. O que se espera é que ele possa manter os exames de rotina em dia, receitar os tratamentos preventivos/vacinas, manter os medicamentos de uso contínuo em andamento, e fazer as indicações para os especialistas quando necessário. Nada mais do que isso (rsssss).

Imigrantes (ou residentes que mudaram de província) que utilizam algum medicamento de uso contínuo podem manter o tratamento facilmente. Basta informar o seu histórico ao médico de família e o mesmo receitará a continuação do tratamento, pelo menos até “segunda ordem”. Claro que o “family doctor” pedirá exames para se certificar de que o protocolo atual é coerente. Após ter os resultados em mãos, aí sim poderá haver alguma alteração no tratamento, mas até lá, a pessoa pode continuar o tratamento anterior, casos por exemplo de anticoncepcionais para mulheres. 

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:: WALK-IN CLINIC ::
Bom, aí você chegou aqui no Canadá há alguns meses, seu plano privado feito ainda no Brasil já não vale mais, inscreveu-se no sistema de saúde público, já passou o período de carência, já recebeu sua carteirinha e em teoria está com tudo em ordem para usufruir de tudo o que a rede pública pode lhe oferecer, só que não, porque afinal ainda não achou um “family doctor” com vaga disponível. Vai entrar em pânico certo???? NÃO! Não precisa se desesperar!!!!

Eu sei que depois de tudo o que escrevi sobre o médico de família você deve estar imaginando que vai morrer de resfriado se não achar um o quanto antes. Mas não é bem assim. Enquanto você não acha um médico maravilhoso para cuidar de você e da sua amada família, é possível receber atendimento médico em “walk-in clinic”.

As “walk-in clinics” são pequenas clínicas espalhadas por todos os cantos e fácil de achar. Normalmente não é necessário agendar consultas e o atendimento é feito por ordem de chegada. Os médicos destes estabelecimentos fariam o papel simplificado do “family doctor” e resolvem pequenos problemas de saúde, seriam equivalentes ao “clínico geral” no Brasil. Até mesmo pessoas que já tem o médico de família frequentam estas pequenas clínicas, pois são extremante práticas. Eu mesma já fui algumas vezes para pegar receita de medicamento de uso contínuo, ou quando tive ataque de tosse (daquelas intermináveis), resfriados, e pequenos probleminhas. Como não é necessário agendar horário, às vezes fica mais conveniente frequentar as “walk-in clinics”, sobretudo no meu caso em que a minha “family doctor” fica relativamente distante da minha casa.

Portanto, até que você consiga o seu médico de família, as “walk-in clinics” vão resolver as suas questões de saúde. Conheço gente que está aqui no Canadá há anos (bem mais do que eu) e até hoje não tem “family doctor”. Não porque não achou, mas porque não se preocupou em procurar por um e manteve tudo à base das “walk-in clinics”.

O plano se saúde pública tem cobertura para atendimento em “walk-in clinics”. Basta apresentar a carteirinha na recepção e aguardar o médico lhe chamar. 

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:: EMERGÊNCIA :: Emergências não serão atendidas pelo seu médico de família. Assim como no Brasil, quando se está passando mal não tem jeito, corre para o Hospital mais próximo. O procedimento é o mesmo do médico, basta apresentar a carteirinha na recepção e só. O tempo de espera para receber atendimento vai depender da gravidade e risco do seu problema e da disponibilidade dos profissionais no momento. Tipo... dor de barriga vai levar um “tempão” para um médico lhe ver, assim como gripe, dor de cabeça, etc. Um ataque cardíaco, acidente de carro ou qualquer coisa do tipo, certamente o paciente terá pronto-atendimento. É na hora da triagem que isso será definido.

Óbvio que se o caso for sério, por favor, ligue para o 911 que a ambulância, bombeiros e policiais chegarão até você rapidamente. Sem brincadeira, é isso mesmo. Casos emergenciais sob cuidados do “911” são tratados realmente como emergenciais e o suporte ao paciente é enorme. Por isso, não bobeia. Se necessário, não hesite em pedir ajuda! Disque 911 e pronto. 


Se não falar inglês (ou francês), imediatamente diga que precisa de suporte em português ou espanhol. Algo do tipo "I only speak Portuguese and Spanish", e provavelmente você será encaminhando para um atendente que possa se comunicar. Na pior das hipóteses apenas diga que não fala inglês e que precisa de atendimento emergencial no endereço em que está: "I don't speak English and I have an emergency. I need help at [endereço]". O pessoal é bem treinado para lidar com imigrante :)


:: EXAME e ESPECIALISTA :: Exames, exames e exames, aí o bicho pega! Estou me referindo a casos não emergenciais e que são feitos em laboratório sob pedido médico.

Exames de sangue, daqueles simples como hemograma, ou coisa do tipo, é fácil de conseguir. Basta ter a receita médica, ir a um laboratório, entregar a carteirinha e aguardar ser chamado para coletarem o material. O resultado irá diretamente para o médico que fez a solicitação. Neste caso o atendimento é feito de acordo com a ordem de chegada. Alguns laboratórios aceitam agendamento on-line para pacientes que não querem ficar aguardando por muito tempo. Já fiz exames de sangue algumas vezes e em todas as ocasiões aguardei por mais ou menos 1:30h na sala de espera, sem agendamento
prévio. Bem mais do que eu costumava esperar no Brasil, mas aceitável.

O sistema de saúde público oferece cobertura para os exames, desde que solicitado por algum médico e feito em um laboratório credenciado na rede pública. O seu médico poderá te indicar um laboratório de acordo com a sua conveniência.

Exames mais complexos, assim como médicos especializados, são outra história.... Para começar, tanto o especialista como os exames só serão agendados e cobertos pelo sistema público se forem recomendados por um outro médico, podendo ser o seu “family doctor”, ou “physician” (walk-in clinic), ou outro especialista. A espera pelo agendamento pode se tornar uma eternidade. Raio-X, ultrassom, ressonância, dermatologista, ortopedista, etc, são bem mais difíceis de conseguir. Pode se preparar para uma longa espera até que agendem uma data para você. Vou dar um exemplo.

Eu tenho enxaqueca crônica e faço um tratamento específico para este problema desde o Brasil. Por conta disso, logo que cheguei aqui no Canadá e tive a minha primeira consulta com a minha “family doctor”, logo fui recomendada a ser atendida por uma neurologista. Só a espera para a consulta com esta profissional foi de 6 meses. Anyway, esta médica me pediu uma ressonância magnética para se certificar da questão e recomendar um tratamento específico. Na ocasião, ela até foi bem sincera e disse que eu teria que aguardar por um longo período para agendarem o tal exame para mim. Ela chegou a me perguntar se eu tinha pressa em receber o resultado, e se caso eu dissesse que sim, ela pediria com urgência para anteciparem o quanto antes a realização do exame. Eu cheguei a dizer que isso era desnecessário uma vez que já fazia anos que eu tinha o problema e já sabia conviver com ele. Além disso, certamente havia gente precisando muito mais do que a mim. Frente a isso, a neurologista me receitou o exame e manteve o mesmo tratamento que eu já fazia no Brasil até que tivéssemos o novo resultado da atual ressonância. E foi assim. Depois desta consulta, eu esperei 3 meses para agendarem o exame. É o próprio laboratório que te liga marcando uma data, que diga-se de passagem, foi agendada para 6 meses adiante. Ou seja, esperei um total de 9 meses desde o pedido médico!!! Se eu estivesse grávida no dia da consulta a criança já teria nascido!! Um absurdo!!! Se eu somar a espera pela data da consulta com a neurologista mais a da ressonância, chega a 15 meses no total aguardando desde o pedido pela “family doctor”. Mas enfim, fiz o exame e uma semana após eu já estava retornando à neurologista para pegar os resultados e o tratamento. Ufa! Rápido né!

A questão aqui é a seguinte. Tudo se trata de prioridade no quesito saúde. Caso de alto risco é obviamente colocado à frente. A dificuldade é que muitas vezes os pacientes são obrigados a conviver com problemas de saúde pequenos (mas incômodos) por muito tempo se forem considerados como “questões leves”. Welcome to Canada! 



:: PLANO PARTICULAR :: Depois que você leu tudo isso, talvez comece a entender o porquê vale a pena ter plano de saúde particular como complemento ao público. Exames específicos por exemplo, como a minha ressonância magnética por exemplo, podem ser feitos em laboratórios privados e depois pegar reembolso com o plano particular. O percentual do valor a ser pago vai variar de plano para plano. No nosso caso, temos 80% de retorno. A parte ruim é que você tem que pagar primeiro para depois recuperar o valor gasto. Mas é uma alternativa ao problema das longas esperas junto ao sistema público.

Além da questão dos exames, eu acho que a maior vantagem do plano particular está na cobertura odontológica e descontos em medicamentos. Os valores de descontos que temos em remédios realmente são enormes, e o perceptual varia de acordo com o medicamento e política do plano.

Tratamentos odontológicos eu ainda não tive experiência, Graças a Deus! Não que eu não precise, mas é que eu e o marido fugimos do dentista mais do que o diabo foge da cruz. Só vamos em casos extremos mesmo!!! 

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É isso aí, este é um resumo de como o sistema de saúde tem funcionado aqui para nós, na prática. Claro que estas informações estão baseadas nas nossas experiências. Mas virei ainda com mais um post falando sobre o caso do Mauricio que passou por cirurgia e teve uma experiência completa em relação a isso tudo... 
Até o próximo post!!!

8 comentários:

  1. Olá Pri.
    Após 3 dias concluí TODA leitura do seu blog. Tenho certeza que voce ajudou muita gente a desafiar novoas formas de viver.
    Em 2009 conhecemos Vancouver e desde então uma sombra de mudança vem aumentando em minha mente, com planos, avaliações e tudo mais. Há 10 dias a vontade de ter um Border Collie com espaço adequado, somada a ocorrencias tipicas de um país de desrespeito nessa cidade louca (SP) nos fizeram avançar no estagio de viver por aí. Ao ler cada capitulo de seu blog, muito me identifiquei com personalidade,amor aos caes, estilo de vida, busca por qualidade e outras situações de voces. Vou abusar de suas dicas, vou perguntar uns detalhes e conto com mais essa sua ajuda. Se puder colaborar com respostas, dentro da sua correria de tempo, seria perfeito. Parabens pela coragem !!! Abraços.

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    1. Olá Beto.

      Fico super feliz em saber que o blog está ajudando de alguma forma :)
      Fique a vontade para perguntar. Eu sabendo a resposta, escreverei com o maior prazer.

      Um abraço
      Priscila

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    2. ...ah Pri está ajudando e de varias formas!! rss . São dias seguidos de leituras, fotos, videos e anotações. Te faço hoje umas perguntas:
      1- Qual raça de cães voce acha mais comum por aí? Border Collie é visto ou falado ?
      2- Sabe de locais de adestramento/agility para eles oferecidos pela prefeitura?
      3-Voce em algum passeio com a Jesse foi fiscalizada das regras de tag, saude, coleira, etc ?

      Tks
      Beto

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    3. Oi Beto
      Eu acho que conviver com cachorro aqui é muito mais fácil do que no Brasil, exceto pelo acesso aos veterinários que são muito caros. Quanto a raça, vejo bastante border collies sim. Aqui, para ser honesta, acho que cachorros com resistência para exercícios ao ar livre são os mais legais, pois é possível fazer hiking, correr, fazer trilhas, levar à parque e tudo mais. Se você pretende vir, talvez seja melhor adquirir o seu cãozinho já aqui, assim não teria que passar pelo processo da viagem. Adestramento é comum também, assim como parque com locais específicos para a prática de agility. Só não tenho conhecimento de programas como estes serem oferecidos pela prefeitura. Mas mais comum do que isso, é levar cachorro para nadar em rio e correr na trilha em parques naturais durante o verão (em alguns casos no inverno também).
      Um abraço
      Priscila

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  2. Piscila amei seu blog nos tras muito conhecimento esta de parabéns ,gostaria que voce falasse um poco co funciona assistecia domiciliar para pacientes terminais ou com doenças degenerativas ,avc ,internaçaõ domiciliar como esses profissionais da area da saude atuam .obrigada

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    1. Olá Eljsantos
      Infelizmente não tenho como te ajudar. Não tenho nenhum conhecimento a respeito e também não conheço ningué que trabalha na área. Acho que você consegue esta informação na internet mesmo.
      Boa sorte
      Um abraço
      Priscila

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  3. Olá Pri,
    Parabéns pelo blog! Estava procurando saber mais sobre plano de saúde no Canadá e achei seu blog, que por sinal foi um dos mais completos sobre o assunto. Tenho dúvida sobre o valor dos Planos Particulares. Sei que isso deve varia muito de provincia para provincia e da cobertura do plano, mas ele gira em torno de quanto? Outra questão, qd oferecido pela empresa na qual trabalha ele é extensivo para esposa e filhos, como acontece comumente no Brasil?
    Obrigada por dividir suas experiências!
    Beijos Julia e Leandro

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    1. Olá Julia
      Os planos particulares são um complemento ao público, ou seja, cobrem serviços que não são oferecidos pelo governo. Isso seria o caso de alguns medicamentos, acupunturas, fisioterapia, etc. Apenas para esclarecimento, os particulares não cobrem hospitais e/ou clínicas privadas. Se quiser passar por consulta com médico particular, terá que pagá-lo separadamente sem qualquer tipo de reembolso. Os valores variam de empresa para empresa e tipo pacote. De maneira geral custam uns CAD$150.00. No caso de planos particulares oferecidos por empresas como benefício, pode ou não ser extensivo. Mais uma vez, dependerá de caso a caso.
      Espero ter ajudado :)
      Um abraço
      Priscila

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