terça-feira, 24 de setembro de 2013

- Carta de motorista: a vez dela









Sim, sim, chegou a minha vez de tirar a carta de motorista... O Maurício já está documentado desde o começo do ano e chegou a minha hora. Na verdade, para todo imigrante é bom que este assunto seja resolvido preferencialmente nos três primeiro meses. O ideal é não fugir deste prazo. Por que esta pressa? Na realidade não se trata de ansiedade e nem de neurose. Agora que estou aqui entendi melhor a correria e vou explicar direitinho o motivo.



PORQUE TIRAR A CARTA NOS TRÊS PRIMEIRO MESES


A questão é a seguinte. Quando o imigrante chega no Canadá, pelo menos em British Columbia é assim, ele pode dirigir com a carteira de motorista do seu próprio país por três meses. Depois deste prazo, não pode mais. Mas a questão principal que faz todo mundo correr atrás do documento não é bem esta. O que está em jogo é o tipo de licença que a pessoa poderá tirar.

Se o imigrante tiver mais de três anos de experiência como motorista e estiver com o documento do país nativo em ordem e sem restrição (dentro da validade e sem histórico de perda por pontos ou coisas do tipo), poderá dar entrada no processo para tirar direto a  "Licença Definitiva". Para isso, a pessoa tem necessariamente que dar entrada no processo da habilitação nos três meses iniciais de residência, enquanto o seu documento ainda está válido. O processo é normal e inclui a prova teórica e a prática. Quando o imigrante faz a prova teórica, a carteira de habilitação do país de origem é entregue para o governo e a pessoa fica impedida de dirigir até que consiga finalizar o processo completo e receba o documento canadense. O período sem carta vai depender do tempo que a pessoa precisará para passar nas provas.

Mas é se a pessoa deixar estes três meses passar? Bem, aí vem a razão da correria.

Se passar deste prazo, o imigrante só poderá tirar a carteira de motorista provisória conhecida como "L" (learning). Isso significa que no primeiro ano de habilitação, a pessoa só poderá dirigir se estiver acompanhada por um passageiro com licença definitiva. Depois do primeiro ano, se tudo ocorrer bem, a pessoa pegará a carta com o nome de "N" (new). Aí ficará com este documento por mais dois anos, já poderá andar sozinho, mas terá um monte de restrição, como por exemplo, número de passageiros que poderá transportar no carro, entre outras. No total, a pessoa fica sob "supervisão rígida do governo" por três anos (1 de learning e 2 de new), sem poder cometer faltas e receber multas e afins.

Este processo de pegar o documento provisório "L" e o "N" antes do definitivo, é o que cidadão comum canadense faz quando tira a carta de motorista pela primeira vez. A questão é que o país só reconhece a experiência do imigrante enquanto a sua habilitação é válida por aqui, ou seja, nos três primeiros meses. Caso a pessoa só dê entrada no processo depois deste período, o documento do país de origem não tem mais validade e o governo passa a não reconhecer mais o histórico do motorista. Aí tem que começar tudo do zero. :(


E não tem como enganar a polícia, porque caso a habilitação do motorista seja da fase "L" ou "N", a pessoa tem que usar um adesivo imantado no carro com estas letras identificando o tipo de motorista que está conduzindo o veículo. Claro que a pessoa pode não usar o adesivo para enganar a galera e blá, blá, blá, mas se algo de errado acontecer ou a polícia pará-la.... Aí sim vai ser um problemão!

Sugestão minha: faça a prova teórica antes do terceiro mês. Por mais que isso seja chato, é melhor tirar da frente do que pegar a carta provisória e ficar por um ano dependendo de outra pessoa para dirigir junto né?! Isso é uma coisa que realmente não faz sentido para quem dirige há anos.






A PROVA TEÓRICA

Bom, como já de conhecimento... Comecei a aprender inglês só quando cheguei por aqui, e quando resolvi fazer a prova teórica só havia tido um mês de aula do idioma. Então dá para imaginar a facilidade de estudar em inglês a teoria do trânsito né?! Levei uma semana para ler tudo, sem repetir os capítulos. Como decorar é o meu ponto fraco, então eu sabia que isso seria bem chatinho e lento mesmo. O livro é bem maior que o do Brasil, pelo menos comparado ao que eu usei quando fiz a minha prova. Mas como isso foi a 14 anos tráz, talvez já tenha mudado algima coisa...

A piada da vez foi que um dia antes de eu fazer o teste, descobri que é possível estudar no idioma nativo e fazer a prova com auxílio de intérprete. Da para acreditar?! Pelo menos estudei bastante inglês. No dia da prova entreguei a minha carta brasileira e fiz a prova bem nervosa. O Maurício insistiu que eu fizesse inglês justificando que tenho que passar por estas coisas para ir quebrando os "tabus" da minha cabeça e minhas inseguranças. Conclusão, não deixou que eu pedisse a prova em português. E no fim das contas, até eu queria me testar. Como o custo é de CAD$ 25,00, o prejuízo de repetir não seria tão catastrófico.

Fui para um computador isolado por divisórias e fiz o teste (em pé). São 50 questões e precisa acertar 45. Antes mesmo de chegar na ultima questão, o computador encerrou a prova com um "congratulation". Assim que você completa 45 perguntas corretamente o teste termina e nem precisa fazer as 50. Imagina a felicidade né?!

Sugestão que faz a diferença: o que realmente me ajudou a passar na prova foi um aplicativo do celular.  Calma, calma, não pense que fiz alguma gambiarra ou colei na prova. Não é nada disso que você leitor está pensando... Na realidade, estou me refirindo a um programinha que simula o teste teórico e é possível instalar no telefone. Aí, enquanto eu fazia bicicleta na academia, respondia as questões no celular. Acabei estudando mais pelo aplicativo do que pelo próprio livro. Caso a pessoa não tenha smartphone, tem este mesmo programa para computador. Vale muito apena treinar o conhecimento através deste simulado!


A PROVA PRÁTICA

Como a teoria estava fresca na minha cabeça eu quis aproveitar para marcar o mais rápido possível o teste prático. Mas por algum motivo inexplicável, não tinha vaga para os 45 dias seguintes. É isso mesmo, precisei esperar 45 dias para fazer a prova prática. Paciência, paciência, paciência..... 

Bom, aproveitei o tempo para treinar. Mas mais uma vez o Maurício foi um "mala" e me perturbou para que não fizesse aula com instrutor. Disse que era desnecessário, caro, bobagem, gasto a toa, blá, blá, blá e que ele mesmo me treinaria. Eu só pensava de um jeito: #%*?@$#%. Aí foram aquelas brigas de casal porque ele não tinha paciência de me dar as dicas e eu não tinha paciência de ouvir as críticas.... Enfim, chegou a data do teste prático. Às 8:15h, uma sexta-feira, estávamos (eu e o marido) no local e tivemos a notícia excelente de que a minha prova não estava agendada. O atendente disse que tínhamos cancelado o teste. Era mentira porque não tínhamos feito isso de jeito nenhum. Discutimos lá na hora, principalmente porque ele disse que eu teria que esperar por mais 45 dias para reprogramar o teste, já que a agenda estava lotada. Depois de uma "briguinha", eles reconheceram o erro e agendaram para a terça-feira seguinte. E mais nervoso, paciência, nervoso, paciência, nervoso, paciência...

Na terça-feira, lá estávamos nós novamente. E eu mais nervosa do que nunca porque eu tinha que confiar na teoria do livro, já que não fiz aula com nenhum instrutor. Da teoria para a prática existe um enorme "gap", principalmente porque sempre lia nos blogs as dificuldades das pessoas passarem de primeira. Então eu estava muuuuito apreensiva. Basicamente deixei o coração e o estômago em casa e fui fazer o teste.

Eu só pensava em uma coisa: parar no semáforo amarelo, parar no semáforo amarelo, parar no semáforo amarelo. Por que isso? Porque no Brasil em geral eu passava no amarelo. E se tem uma coisa horrível para um motorista, é deixar de lado os vícios. E isso é uma coisa que aqui pega demais, sinal amarelo e controle de velocidade.

Todo mundo fala que o pior é o tal do "blind spot". Isso é um detalhe que para quem já dirige há anos atrapalha um pouco, porque não é costume brasileiro virar a cabeça para ver o ponto cego. Em geral a gente usa só os espelhos mesmos. Aqui, tem que fazer o famoso "shoulder check" e confesso que este movimento até dá tontura. De fato isso aborrece um pouco, mas da para fazer.

No dia do teste, o primeiro semáforo que eu peguei já foi o amarelo. Parei. Ufa! Aí já fiquei mais tranquila!!!! Depois de 45 minutos de percurso... o instrutor me direcionou de volta ao local de onde iniciamos o circuito e pulou a baliza. Entrei em pânico e pensei "Fud**, reprovei". Perguntei para ele porque não faria a baliza, ele disse para eu não me preocupar com isso, e que deveria apenas estacionar de ré em uma vaga no local de partida. Desanimei. Depois que eu parei ele falou: "you passed". Não recebi nenhum "congratulation" no final, nenhum sorriso, nenhum elogio. Mas eu fiquei nas nuvens. Eu só conseguia pensar no que ele havia dito. Sei que ele tentou me dar umas dicas de como melhorar umas coisas, mas no fundo, eu só via a boca do instrutor mexendo e uns sons saindo. Honestamente, não conseguia ouvir nada além do "you passed".

Tirei minha fotinho, assinei na tela do scanner e uma semana depois estava pronta para enfrentar o trânsito com habilitação canadense e definitiva!!!!

Para concluir, minha sugestão é estudar bem para a prova teórica e aplicar na prática o que está escrito no livro! Se puder, faça sim aula com instrutor, pelo menos uma para pegar dicas. Eu não fiz, mas acredito que isso daria mais segurança e evitaria o nervoso que passei.







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3 comentários:

  1. Oi Priscila!
    Encontrei seu blog hoje, e já li todos os seus posts! Já adicionei ao meu Feedly pra te seguir!
    Estava buscando por alguém em Vancouver que tivesse tido a experiência de levar dois cachorros grandes, principalmente Pitbull, e seu blog apareceu pra me tranquilizar! Não sei como ainda não tinha te achado, pq tenho pesquisado isso há vários meses!
    Eu e meu marido também estamos imigrando pra Vancouver e temos duas crianças, um Pitbull e uma Bull Terrier. Depois de muito pesquisar, percebemos que as coisas foram dificultando primeiro pelo tamanho dos cachorros, e depois por conta da raça, e acabei também chegando à mesma empresa que vocês utilizaram. Apesar de já ter conversado várias vezes com eles, e já ter perguntado mil e uma dúvidas, estou aqui surtaaaaando de nervoso de pensar na viagem deles.
    Podemos trocar figurinhas sobre isso por email? Tenho alguma dúvidas que queria te perguntar!

    Ainda não compramos passagem, mas pretendemos ir praí no final de fevereiro/início de março. Muito bom encontrar pessoas com experiência semelhante ao que passaremos, pois dá uma segurança maior! O mais engraçado é que um dos locais que a gente está mais propenso a morar é Coquitlam!

    Muito obrigada por compartilhar as suas experiências, você escreve muito bem!

    Beijos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Bia,

      Obrigada pell comentário!! Podemos trocar figurinhas com certeza. No que eu puder ajudar, pode contar comigo! Sei exatamente o que você está passando e realmente os cachorros são uma enorme preocupação. Como você, sofri bastante nos preparativos... Mas no fim, confesso que percebi que eles são infinitamente mais fortes do que pensamos. O que acho que mais os ajudou foi a adaptação à caixa antes da viagem. No seu caso, acredito que pela raça os dois terão que viajar no modelo de madeira, mas são ótimas e até mais confortáveis dos que as tradicionais de plástico. Aqui, eles não tem preconceitos contra Pit Bull e Bull Terrier, o que facilita muito. Quanto a cidade, viemos para Coquitlam exatamente por causa dos cachorros, pois não é tão simples achar imóvel (para alugar) que permita pets, quanto mais dois (que era o nosso caso). Mas a boa notícia é que é muito fácil lidar com eles por aqui, pois são bem vindos em parques, praias e até em alguns estabelecimentos comerciais. Sem falar na quantidade de área verde disponível para brincarem e correrem. Mas de tudo relacionado aos cães, definitivamente encontrar imóvel (locação) será o maior desafio, mas nada impossível. A não ser pretendam comprar um assim que chegar. Talvez seja mais fácil encontrar casa ao invés de apartamento ou townhouse. Mas o preço é um pouco mais alto. Na falta de opção, sei que o primeiro apartamento que ficamos aceita does cachorros e até posse the indicar. Não é muito grande mas tem um ótimo terraço. Não sei se está resposta ajudou alguma coisa, mas vai perguntando e eu vou te ajudando. Me escreva depois quando vocês pretendem vir.

      Beijos Pri

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  2. Oi Priscila!
    Encontrei seu blog hoje, e já li todos os seus posts! Já adicionei ao meu Feedly pra te seguir!
    Estava buscando por alguém em Vancouver que tivesse tido a experiência de levar dois cachorros grandes, principalmente Pitbull, e seu blog apareceu pra me tranquilizar! Não sei como ainda não tinha te achado, pq tenho pesquisado isso há vários meses!
    Eu e meu marido também estamos imigrando pra Vancouver e temos duas crianças, um Pitbull e uma Bull Terrier. Depois de muito pesquisar, percebemos que as coisas foram dificultando primeiro pelo tamanho dos cachorros, e depois por conta da raça, e acabei também chegando à mesma empresa que vocês utilizaram. Apesar de já ter conversado várias vezes com eles, e já ter perguntado mil e uma dúvidas, estou aqui surtaaaaando de nervoso de pensar na viagem deles.
    Podemos trocar figurinhas sobre isso por email? Tenho alguma dúvidas que queria te perguntar!

    Ainda não compramos passagem, mas pretendemos ir praí no final de fevereiro/início de março. Muito bom encontrar pessoas com experiência semelhante ao que passaremos, pois dá uma segurança maior! O mais engraçado é que um dos locais que a gente está mais propenso a morar é Coquitlam!

    Muito obrigada por compartilhar as suas experiências, você escreve muito bem!

    Beijos!
    (obs: deu doideira no meu navegador, se aparecerem 2 comentários iguais por favor desconsidere um!)

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