segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

- Procura de emprego (a vez DELE) - parte I



Uma das principais preocupações de um imigrante, se não for a maior, é a questão profissional.

A insegurança é enorme. Querendo ou não, são várias as dúvidas que circulam na mente. Nunca se sabe se será aceito num país estrangeiro, se suas experiências já adquiridas serão bem vindas e valorizadas, se seu currículo possui qualificações suficientes, se há vaga na área de formação, se poderá trabalhar na área que gostaria, etc, etc, etc.

E não há blogs, textos, site, livros que possam lhe esclarecer muita coisa, afinal, a história de cada um é pessoal. Cada caso é um caso.

Quando fizemos a imigração, sabíamos de apenas duas coisas em relação a trabalho: que nossa área tinha mercado para atuar com vagas disponíveis e que o governo ajudava na colocação profissional. Mas da teoria para a prática, poderia ser tudo diferente. Os desafios eram, são e serão muitos.


Procurar emprego no seu próprio país já é difícil. Nós profissionais sabemos que falar e escrever decentemente é obrigação, ter uma boa rede de relacionamentos ajuda, ter referências dá valor, um bom portfólio faz a diferença, e muitos outros aspectos qualificam um bom (ou excelente) profissional. Eu poderia ficar horas escrevendo sobre isso, mas não é o assunto deste post.

Agora imagina isso tudo em um país completamente diferente. Onde você não fala direito o idioma, suas experiências não necessariamente comprovam um histórico válido para o local, não conhece ninguém, suas referências são estrangeiras, etc... Realmente é um fato para se preocupar, querendo ou não, você concorrerá  com as pessoas nativas. Sem mencionar a questão financeira que aumenta ainda mais a pressão.

Mas sabíamos dos desafios e resolvemos que íamos encarar tudo.
E aí começou a saga do Mauricio: a famosa busca por emprego.


A procura oficial por uma sonhada vaga começou no dia 17/01, depois que ele ficou sem visitas e sozinho. Daí em diante foi dedicação total.

Para começar, era necessário três coisas: um CV bem montado, um portfólio apresentável, uma lista de empresas da área de arquitetura.

Para fazer um bom currículo, ele assumiu de cara que precisava aprender a montar um de acordo com a cultura canadense. Não perdeu tempo e foi logo participar de um workshop oferecido pelo governo que "ensina" a fazer o currículo dentro dos padrões locais. As diferenças já começaram aí. Tanto a forma como o conteúdo não eram iguais aos do  Brasil.

Depois disso, começou a montar o portfólio que, diga-se de passagem, era invejável para muitos arquitetos. Tirando o meu lado de "esposa coruja", o Mauricio tem uma experiência maravilhosa e é um super profissional. Ninguém negaria isso se o conhecesse. Por isso, o foco do CV era convencer os recrutadores a verem o seu portfólio, a partir daí, as chances de ser chamado para uma entrevista seriam grandes.  Ele fez o portfólio com muito capricho e ficou excelente. Eu até brincava que a apresentação dele era melhor do que o site de muitos escritórios que existem por aí.

Vale lembrar que a forma de apresentar o portfólio foi idéia dele e, fez pessoalmente tudo. Poucos profissionais teriam o conteúdo que ele tem e a capacidade de diagramar da forma que fez. Realmente ficou nota 1000!

O terceiro ponto foi procurar por vários meios, empresas de arquitetura que pudesse se candidatar. E isso ele também soube fazer direitinho.... O Mauricio selecionou com calma os escritórios e começou a mandar os CV. A produtividade desta atividade foi zero, mas qualidade dez. A forma de se candidatar era lenta. Não bastava enviar um anexo por email aos cuidados do RH. Era algo muito mais personalizado e isso resultava em uma média de 5 empresas por dia. Ele gastava muito tempo procurando as empresas e enviando o necessário da forma adequada.

Quem conhece o Mauricio de verdade sabe o quanto ele é ansioso. Depois de uma semana de busca, ele já estava desesperado. Eu tentava acalmá-lo lembrando que o tempo médio para um imigrante conseguir emprego é de 3 a 6 meses. Ele nem me ouvia, queria trabalhar e ponto! A tarefa dele era arrumar emprego, a minha de manter os pés no chão e segurar as pontas no Brasil.

Ser imigrante é, além de tudo, um teste de paciência!!! Mas é isso aí, a busca por emprego é algo que todos tem que passar.

O resultado??? Fica para outro post...



Ao escrever um comentário para o qual espera uma resposta, por favor, indique um email de contato. Comentários com emails de contato não serão publicados.

2 comentários:

  1. Olá Priscila! Li um pouco do seu blog e fiquei apaixonada por Coquitlam. Sou formada em Direito e tenho um filho de 3 anos. Como muitos brasileiros, almejo tentar algo fora do país, em um cidade menor e com mais qualidade de vida. Gostaria de saber como foi a questão da imigração, o que eles exigem etc. O custo de vida em Coquitlam é alto? É fácil alugar uma casa? Emprego para imigrante é difícil? Escola para criança imigrante é difícil? Como é a assstência saúde? Sei que são muitas perguntas, mas ficaria muito agradecida se vc pudesse esclarecê-las. Meu inglês é intermediário e nunca morei fora do país. Grata, Tatiane.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Tatiana, tudo bem?!

      Obrigada pelo comentário e desculpa a demora em lhe responder.

      Quanto a imigração, no nosso caso viemos como residentes permanente e conseguimos isso através de um processo chamado "Skilled Work". Basicamente é feita uma avaliação da pessoa (ou família) interessada em imigrar em relação às experiências profissionais e mercado de trabalho canadense. Como fiz isso em 2008, qualquer informação que eu lhe passar certamente estará desatualizada. O ideal é você se informar junto ao consulado canadense qual a melhor forma para você. Além deste processo, existem outros tipos também, aí você teria que avaliar qual estaria mais próximo da sua situação. Não sei se como advogada você teria campo de trabalho por aqui, mas não descarte a idéia de vir, sugiro que veja as alternativas que mais se enquadram para vocês.

      Em relação a emprego, posso dizer que não é nada fácil, mas não penso como algo impossível. Acho que são as mesmas dificuldades encontradas em qualquer lugar no mundo envolvendo qualificação, experiência, concorrênia e situação econômica do país. A boa notícia é que não há preconceito em relação ao imigrante e a concorrência fica apenas a critério da formação profissional mesmo e vagas de trabalho disponíveis.

      O sistema de saúde é bom. Provavelmente você lerá muita coisa negativa quanto a isso, mas sob a minha opinião, eu considero muito bom. O básico é fornecido pelo governo e você paga por isso, mas um valor baixo por pessoa. Eu entendo como um sistema justo. Além do mais, as empresas em geral oferecem planos privados complementares que cobrem coisas extras, como tratamentos complementares e desconto em remédios.

      Alugar casa não é dificil e o custo de vida não é dos mais baratos. Mas estou em Vancouver e já fiquei sabendo que aqui é a região mais cara do Canadá. Mas só tive conhecimento depois de já ter imigrado. Talvez, se você vir, vale mais a pena ir para Toronto onde o mercado de trabalho é melhor e o custo de vida mais barato.

      Espero ter ajudado um pouco. Qualquer coisa, fique a vontade para perguntar mais.

      Um abraço

      Priscila

      Excluir